Ganhar a vida com a fotografia é o maior sonho dos fotógrafos iniciantes. O que eles pouco entendem é que para isso torna-se realidade, técnica e conhecimento fotográficos não são suficientes. É preciso adotar a postura de empreendedor e incorporar a alma do businessman dentro de cada um. Mesmo para começar em casa ou trabalhar na informalidade, o fotógrafo tem que estar disposto a encarar as burocracias da administração de um negócio como outro qualquer.
Com vasta experiência no mercado de gestão de negócios no setor fotográfico, Alex Mantesso, que é consultor e fotógrafo, compartilhou algumas dicas valiosas conosco para garantir o sucesso do negócio.
Foco inicial
O que você realmente quer fazer de fotografia? Qual é a sua principal área de atuação? Para Alex, é essencial responder a essas questões para saber por onde começar o negócio.
Claro, é normal no início da carreira “atirar para todos os lados”, aceitando qualquer tipo de trabalho. Porém, aos poucos e conforme ganha-se experiência, é necessário definir um perfil de atuação para o seu trab
alho. Isso será muito mais prazeroso e produtivo para o seu negócio do que fazer um pouco de tudo.
A partir dessa definição, você consegue conciliar os segmentos próximos. Por exemplo, se o seu foco é a fotografia de retratos de família, poderá realizar ensaios relacionados a gestantes e crianças. No entanto, a fotografia sensual está bem distante da sua área de atuação escolhida.
Quem é o cliente
Outro passo essencial para estabelecer a sua empresa é estudar os seus clientes em potencial. Quem comprará os seus produtos?
O consultor explica que no mercado há dois tipos de clientes: os pessoais e os corporativos. E eles estão diretamente ligados ao seu foco de trabalho. É indispensável identificar as características desse cliente para entender como apresentar e divulgar o seu trabalho. Onde esses clientes estão concentrados, a quantidade deles e a frequência de compra dos seus serviços são perguntas que precisam de respostas.
Analisar os seus concorrentes também é fundamental. Qualquer fotógrafo que atue na mesma região e para o mesmo tipo de cliente é um concorrente. A dica é sondar as falhas dele. Segundo Alex, “os próprios clientes trazem essas informações”.
Maquiadores, cerimonialistas, decoradores e produtores são parceiros que também podem trazer informações interessantes. Construir uma boa relação com eles é uma ótima estratégia para medir a situação do mercado, fazer networking e captar mais clientes.
Após descobrir as falhas dos concorrentes e entender as necessidades ainda não supridas pelo mercado, você estará apto para definir quais serviços oferecerá aos seus clientes.
O nome da empresa
Não importa o seu foco de atuação, criar uma identidade visual para a sua empresa transmite credibilidade para os seus clientes.
Primeiramente defina o nome certo para o seu negócio. Qual é melhor usar, o nome do fotógrafo ou criar uma marca que remeta ao nome do estúdio?
Para chegar em um acordo, muitos pontos devem ser discutidos antes. Para o consultor, a opção de usar o próprio nome é a mais direta, mas pode implicar na atuação autoral e individual. Dessa forma, o cliente vai querer se relacionar diretamente com quem dá o nome à marca. Isso é excelente para uma empresa pequena, na qual o fotógrafo mesmo é quem cuida das negociações. Agora, caso a equipe seja maior, o cliente não vai querer concentrar seus serviços em outra pessoa.
Além disso, ao optar pelo próprio nome, a divulgação fica menos complicada e a marca é logo unida ao rosto do fotógrafo, mas deve-se levar em conta a facilidade de pronuncia. Nome complicados podem gerar erros de grafia na hora de acessar o seu site, por exemplo. E isso vai atrapalhar o acesso do cliente a você.
E antes da escolha, faça uma pesquisa de sites de domínio e verifique se o nome está disponível.
Estime os custos
O erro mais comum do fotógrafo iniciante é não saber separar a renda pessoal da empresarial. Alex explica que o sucesso e a lucratividade de um negócio depende, principalmente, do profissional definir um salário fixo para si próprio que seja capaz de cobrir as suas despesas mensais. Anote tudo o que gastar: moradia, vestuário, alimentação, impostos, contas, transporte. Tudo mesmo!
Depois, estipule também os custos da empresa: manutenção dos equipamentos, telefone, site, divulgação, segurança, energia elétrica, aluguel do estúdio (se for o caso) e taxas. Atente-se para o fato de que caso for abrir uma microempresa mesmo, há mais alguns encargos por aí.
Vendas esperadas
Você deve fazer uma previsão de vendas para os meses seguintes à abertura do negócio para te ajudar a avaliar se vale realmente à pena.
“Faça uma estimativa considerando a quantidade de trabalhos que serão realizados por mês”, recomenda Mantesso.
Ou seja, você tem que pensar quantos trabalhos você acredita que realizará (se já tiver, analise o seu histórico de vendas e faça uma média) e use essa expectativa como meta.
A partir daí, multiplique essa estimativa pelo valor da venda e subtraia pelos custos desses serviços. O resultado é o lucro de cada mês.
As finanças
Parte do processo de criar uma empresa de fotografia é fazer uma previsão da evolução do negócio em termos de volume de venda e lucratividade. Nesse caso, o ideal é montar um cenário para os próximos dois anos, pelo menos. Normalmente, o início de qualquer negócio tem resultado negativo até começar a dar lucros efetivos. A dica que Alex dá é sempre contar com uma reversa de capital de giro para manter a empresa funcionando. “Durante o período de estabilização, é necessário considerar uma reserva para sustentar o negócio”.
Infelizmente, é praticamente impossível começar uma empresa sem nenhum dinheiro reservado para o estágio inicial do negócio.
Para determinar esse capital de giro, basta somar todos os resultados negativos previstos até que o acumulado torne-se positivo. E é imprescindível acompanhar os resultados reais com os previstos.
Promova com consciência
Fazer uma campanha de divulgação da sua empresa é, com certeza, uma ótima opção para dar visibilidade aos seus trabalhos. No entanto, é preciso ir com calma e analisar adequadamente a estratégia de promoção. Divulgação em excesso não significa aumento na lucratividade e pode só gerar desperdício de recursos. Estude bem quais as melhores formas de divulgação para o tipo de serviço que você oferece e aplique-as nos lugares certos, onde os seus clientes estarão.
A estimativa dos custos da divulgação deve constar no seu planejamento. Considere os custos para manter um site, para anunciar em uma revista ou para imprimir panfletos, por exemplo.
Alex recomenda que, no inicio do negócio, não mais que 20% da projeção de vendas mensal seja aplicado em propaganda. Para negócios para maduros, cerca de apenas 5% ou 10% do faturamento é destinado à divulgação.
O básico da comunicação
Por mais simples que seja a sua empresa, um cartão de visitas é essencial. Ele serve para você se apresentar a potenciais clientes e já deixar a sua marca de alguma forma.
Pense que ele deve ser de fácil leitura e com os contatos bem claramente visíveis. A marca da sua empresa deve ser colocada nos dois lados do cartão para facilitar a identificação dela.
Outra estratégia é criar um arquivo padrão, com cores e fontes de texto padronizadas para mandar os orçamentos e as propostas para os clientes.
Para o e-mail é válido ter uma assinatura com o seu logotipo, contato e um link que leve ao seu site.
E tudo isso combinando. Layout, tons e tipologia devem ser coerentes com a identidade visual para todos os meios e materiais de comunicação que você for usar.
Na hora de entregar o material pronto, pense em adicionar o logo e o contato também nas embalagens. Coloque uma etiqueta personalizada no DVD, e entregue-no dentro de uma sacola de papel também personalizada, por exemplo.